Poucos no Brasil sabem, mas existe um dispositivo elétrico que, pelo seu princípio de funcionamento, pode proteger as pessoas em uma casa inteira contra choques. O dispositivo é chamado de Interruptor de Corrente de Fuga (esse foi o termo que aprendi na Escola Técnica), Interruptor Diferencial Residual ou Dispositivo Diferencial Residual. A Pial abrevia para "IDR" e você também vai encontrar como "DDR", mas a sigla oficial é "DR" apenas.
É importante notar que o DR não é (e não serve como) um "disjuntor", apesar de se parecer com um.
25/01/2024: Hoje é mais comum encontrarmos DR e disjuntor em um mesmo dispositivo do que um dispositivo que é apenas DR. Existem até dispositivos eletrônicos que tem as funções de medidor de energia Wi-Fi, DR, relé de sub/sobre tensão e relé de sobrecarga em um único dispositivo.
O princípio de funcionamento é simples: o DR é conectado em série com um circuito inteiro (ou a casa inteira) e passam por ele tanto o fio fase quanto o neutro. O DR então compara constantemente a corrente que passa pelo fio fase com a que volta pelo fio neutro. Se houver diferença, existe uma fuga para a terra. Se essa diferença for maior que a corrente de gatilho, o DR desarma (desligando a energia) em alguns milisegundos.
Essa fuga pode significar duas coisas:
24/06/2014: É importante notar que o DR não impede o choque de acontecer. Você ainda vai "sentir o tranco". A finalidade do DR é fazer com que esse choque seja breve, evitando assim que você morra. Os efeitos da corrente elétrica no organismo humano dependem da intensidade (corrente) e da duração.
O problema de se instalar o DR em uma residência é justamente manter "2" sob controle (falarei mais sobre isso adiante).
Segundo o artigo na Wikipedia, nos EUA, dispositivos DR que tem a finalidade de proteger pessoas tem uma corrente de gatilho de meros 5mA. Aqui no Brasil só se encontra esse tipo de dispositivo no comércio com corrente de gatilho de 30mA, o que nos EUA só se aceita para proteger equipamentos e instalações.
Uma corrente de gatilho de 30mA basta para salvar uma pessoa? Não sei se basta (os americanos acham que não), mas pode, sim.
Eu acabo de falar com meu ex-chefe, que é engenheiro eletrônico e ainda é chefe da manutenção da fábrica onde trabalhei e ele me confirmou que pela norma brasileira o DR de 30mA é o usado para proteger pesssoas.
E o negócio funciona. Uma vez um amigo me disse que tinha recebido um agradecimento entusiasmado de um cliente que ele convencera a instalar um DR, porque no dia anterior o filho dele saiu na chuva para abrir a garagem e na hora que enfiou a chave no portão a casa inteira desligou. O portão estava dando choque e o DR protegeu o menino.
Por que isso não é divulgado e usado em toda parte?
Boa pergunta. Eu só posso afirmar que existem dois problemas com o DR:
Para tentar minimizar os transtornos ocasionados por "2" é preciso separar a casa por circuitos e usar vários DRs, evitando que um desarme ocasional deixe a casa inteira sem energia e facilitando a localização do culpado.Também não é possível usar DR no circuito que tem chuveiro elétrico, porque a fuga natural do chuveiro costuma ser maior que os 30mA (edit: estou desatualizado, leia comentários). Residências simples e com instalação bem feitas, entretanto, podem funcionar perfeitamente com apenas um DR.
Apesar dos problemas, por que o governo não incentiva o uso de DRs (supostamente obrigatório desde 1990), que realmente protegem contra (edit: quase) qualquer situação de choque, em vez de soluções "meia boca" como vender tomadas com buracos na frente? O DR te protege contra equipamentos "dando choque", te protege contra descuidos ao trabalhar com instalação ligada e te protege contra fios desencapados, entre muitas outras situações perigosas. As tomadas, não. Essa é mais uma questão a se colocar na mesa quando se discute a validade da já maldita NBR14136.
Meu melhor palpite, movido pela minha total descrença na seriedade do INMETRO com essa norma, é que este seja "o próximo passo". Daqui a alguns anos vai aparecer uma campanha revelando que as tomadas protegem, mas não de tudo. E finalmente vão divulgar os DRs. Nossa indústria lucra duas vezes em vez de apenas uma.
P.S. Diante do que expus acima dá para entender por que os norte-americanos tem um padrão de plug e tomada tão "inseguro" e parecem estar se lixando para isso. Com uma norma que obriga o uso (e lá normas são levadas a sério) de DRs de 5mA, quem precisa perder tempo se preocupando com tomadas?
O princípio de funcionamento é simples: o DR é conectado em série com um circuito inteiro (ou a casa inteira) e passam por ele tanto o fio fase quanto o neutro. O DR então compara constantemente a corrente que passa pelo fio fase com a que volta pelo fio neutro. Se houver diferença, existe uma fuga para a terra. Se essa diferença for maior que a corrente de gatilho, o DR desarma (desligando a energia) em alguns milisegundos.
Essa fuga pode significar duas coisas:
- Alguém está levando um choque;
- Existe um outro "vazamento" de corrente em algum lugar
24/06/2014: É importante notar que o DR não impede o choque de acontecer. Você ainda vai "sentir o tranco". A finalidade do DR é fazer com que esse choque seja breve, evitando assim que você morra. Os efeitos da corrente elétrica no organismo humano dependem da intensidade (corrente) e da duração.
O problema de se instalar o DR em uma residência é justamente manter "2" sob controle (falarei mais sobre isso adiante).
Segundo o artigo na Wikipedia, nos EUA, dispositivos DR que tem a finalidade de proteger pessoas tem uma corrente de gatilho de meros 5mA. Aqui no Brasil só se encontra esse tipo de dispositivo no comércio com corrente de gatilho de 30mA, o que nos EUA só se aceita para proteger equipamentos e instalações.
Uma corrente de gatilho de 30mA basta para salvar uma pessoa? Não sei se basta (os americanos acham que não), mas pode, sim.
Eu acabo de falar com meu ex-chefe, que é engenheiro eletrônico e ainda é chefe da manutenção da fábrica onde trabalhei e ele me confirmou que pela norma brasileira o DR de 30mA é o usado para proteger pesssoas.
E o negócio funciona. Uma vez um amigo me disse que tinha recebido um agradecimento entusiasmado de um cliente que ele convencera a instalar um DR, porque no dia anterior o filho dele saiu na chuva para abrir a garagem e na hora que enfiou a chave no portão a casa inteira desligou. O portão estava dando choque e o DR protegeu o menino.
Por que isso não é divulgado e usado em toda parte?
Boa pergunta. Eu só posso afirmar que existem dois problemas com o DR:
- É caro. Mas R$100 por circuito é irrelevante diante do valor de uma vida humana.
- A instalação elétrica e todos os seus equipamentos precisam ser livres de fugas, ou você vai acabar se irritando muito com desarmes "sem explicação".
Para tentar minimizar os transtornos ocasionados por "2" é preciso separar a casa por circuitos e usar vários DRs, evitando que um desarme ocasional deixe a casa inteira sem energia e facilitando a localização do culpado.
Apesar dos problemas, por que o governo não incentiva o uso de DRs (supostamente obrigatório desde 1990), que realmente protegem contra (edit: quase) qualquer situação de choque, em vez de soluções "meia boca" como vender tomadas com buracos na frente? O DR te protege contra equipamentos "dando choque", te protege contra descuidos ao trabalhar com instalação ligada e te protege contra fios desencapados, entre muitas outras situações perigosas. As tomadas, não. Essa é mais uma questão a se colocar na mesa quando se discute a validade da já maldita NBR14136.
Meu melhor palpite, movido pela minha total descrença na seriedade do INMETRO com essa norma, é que este seja "o próximo passo". Daqui a alguns anos vai aparecer uma campanha revelando que as tomadas protegem, mas não de tudo. E finalmente vão divulgar os DRs. Nossa indústria lucra duas vezes em vez de apenas uma.
- Modelos da WEG
- Modelos da GE
- Modelos da Soprano
- Modelos da Schneider Electric
- Modelos da Siemens
- Modelos da Pial Legrand (página 21)
P.S. Diante do que expus acima dá para entender por que os norte-americanos tem um padrão de plug e tomada tão "inseguro" e parecem estar se lixando para isso. Com uma norma que obriga o uso (e lá normas são levadas a sério) de DRs de 5mA, quem precisa perder tempo se preocupando com tomadas?